quarta-feira, 3 de junho de 2020

Coronavírus desafia sustentabilidade em aspectos como aumento na geração de resíduos, mas também com diminuição nas emissões de gases de efeito estufa


A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais estima que as medidas de isolamento social devem causar um aumento de 15% a 25% na produção de resíduos sólidos nas residências


O maior tempo gasto dentro de casa para combater a expansão do novo coronavírus tem uma consequência prejudicial para o meio ambiente: o aumento da produção do resíduo doméstico, boa parte dele composta por plástico, papel e papelão de embalagens de produtos e pacotes comprados pela internet.

A Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) estima que as medidas de isolamento social devem causar um aumento de 15% a 25% na produção de resíduos sólidos (resíduo orgânico e reciclável) nas residências. O resíduo hospitalar deve crescer de 10 a 20 vezes, segundo a entidade.

"Em um primeiro momento, com a queda no movimento, percebemos uma diminuição na geração de resíduos. Mas em seguida há uma mudança nos hábitos dentro das residências. Com o fechamento do comércio, aumentam compras online, que costumam chegar com muita embalagem, e cresce a produção de resíduos", diz Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Abrelpe.

A entidade conta com 41 empresas associadas, que dominam cerca de 65% do mercado de limpeza urbana do país. A recomendação de Silva Filho é que as empresas usem o bom senso para diminuir ao mínimo possível a quantidade de embalagem em seus produtos. O consumidor, por outro lado, deve ficar atento para escolher os itens que vão produzir a menor porção de resíduos.

A coleta seletiva é uma das principais maneiras de evitar piores consequências para a natureza. A paralisação desses serviços, porém, já acontece em algumas cidades.

Silva Filho lembra que alguns cuidados devem ser adicionados na hora de separar o resíduo em casa, principalmente quando há a suspeita de que algum dos residentes esteja contaminado com o novo coronavírus. Nesse caso, a orientação é que o resíduo reciclável seja descartado com o resíduo orgânico, com uma proteção extra (um revestimento duplo de saco plástico, por exemplo) para evitar contaminação.

Existem boas notícias para o meio ambiente também:
A queda na movimentação nas grandes cidades, provocada pela necessidade do isolamento social, teve reflexos diretos na diminuição da emissão de poluentes para a atmosfera. Em São Paulo, que está em quarentena desde 24 de março, houve queda acentuada na quantidade de monóxido de carbono no ar, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). A diminuição do poluente, diz a companhia em nota, foi maior nas proximidades das vias mais movimentadas. O gás tóxico é emitido por motores de veículos.

A entidade diz que um monitoramento por um período mais longo de tempo vai poder confirmar e dimensionar os impactos da quarentena na qualidade do ar, já que a diminuição da poluição depende também das condições meteorológicas.

Outras grandes cidades em quarentena registraram fenômeno semelhante. Em Milão, a concentração no ar do gás poluente dióxido de nitrogênio caiu 24% nas quatro semanas anteriores ao dia 24 de março, segundo a Agência Europeia do Ambiente (EEA).

Em Madrid, a quantidade do dióxido de nitrogênio na atmosfera chegou a cair 56% de uma semana para a outra, de acordo com a EEA. 

Embora temporárias, as mudanças devem surtir efeito positivo no balanço anual de emissões de poluentes dessas cidades.

O consumo de energia elétrica também caiu no Brasil. Na sexta (20 de março), quando medidas de restrição social já começavam a ser tomadas pelo país, o gasto de eletricidade foi 8,7% menor do que na sexta-feira anterior (13 de março), segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Fonte: Folhapress shorturl.at/DMRTY

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