quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Brasil vai aumentar pontos de coleta de resíduos eletrônicos


Para reduzir o excesso de resíduo eletrônico jogado em aterros e lixões, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, assinou nesta semana Acordo de Cooperação para de aumentar os pontos de coletas de lixo eletrônico em todo o País. Só neste ano, já foram coletadas 570 toneladas de eletroeletrônicos descartados. Desta vez, o convênio foi assinado com a Rede Nacional de Consórcios de Municípios e a Green Eletron, gestora de logística reversa de eletrônicos. A medida é mais uma ação que integra a Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana do ministério.

Atualmente, o Brasil conta com 170 pontos de coletas de lixo eletrônico como calculadoras, baterias, computadores, celulares, entre outros equipamentos eletrônicos. Do total, 100 deles foram implantados após três meses da assinatura do acordo setorial de eletroeletrônicos, realizada em outubro do ano passado. A meta do Governo Federal é que sejam criados cinco mil pontos de coleta ao final do programa, abrangendo os 400 maiores municípios brasileiros, o que representa 60% da população do País.

Para o ministro do Meio Ambiente, a assinatura do acordo com os consórcios vai aumentar os pontos de coleta. “É importantíssimo retirar esses produtos dos lixões, dos aterros, e reintroduzi-los ao processo produtivo. Assim, vamos melhorando a pauta dos resíduos sólidos, que é um importante tema da agenda de qualidade ambiental urbana do ministério.”

Pontos de coleta

Os pontos de coleta de lixo eletrônico são divididos da seguinte maneira: para cada um dos municípios atendidos, deverá ser instalado pelo menos um ponto de recebimento para cada 25 mil habitantes. Esses pontos são de responsabilidades das empresas contratadas a partir de acordos de cooperação.

Após o descarte dos equipamentos eletroeletrônicos feito pelos usuários, cabe à empresa o recebimento e armazenamento temporário dos produtos em pontos de recebimentos. Além disso, cabe também à empresa o transporte dos produtos eletroeletrônicos dos pontos de recebimento ou dos pontos de consolidação até a destinação final ambientalmente adequada.

 A Agenda de Qualidade Ambiental Urbana é uma das principais atividades estratégicas do governo e conta com seis linhas de atuação: Combate ao Lixo no Mar, Resíduos Sólidos, Áreas Verdes Urbanas, Qualidade do Ar, Saneamento e Qualidade das Águas, e Áreas Contaminadas. A logística reversa é uma das ações dentro do eixo de Resíduos Sólidos, que prevê a obrigação de distribuidores, comerciantes e fabricantes e importadores de produtos eletroeletrônicos na estruturação e implementação desses sistemas, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, para garantir o descarte e destinação adequados desses resíduos.



Com informações do Ministério do Meio Ambiente
www.gov.br

23% das preescrições de antibiótico são desnecessárias, diz estudo


Em nível populacional, 1 em cada 7 pessoas recebeu um antibiótico prescrito incorretamente.

No final de 2018, a OMS liberou um relatório sobre o uso internacional de antibióticos, após coletar dados em 65 países e territórios. O Brasil mostrou média superior a dos países da Europa e é o campeão absoluto das Américas: há 22 brasileiros tomando antibióticos a cada mil habitantes.

Os prejuízos do uso excessivo de antibióticos são muito conhecidos:  essas drogas se tornam ineficazes para condições que normalmente poderiam tratar, já que as bactérias podem desenvolver resistência a elas. À medida que mais “superbactérias” surgem, haverá menos opções de antibióticos capazes de combatê-los.

Agora, um novo estudo coloca em números concretos a frequência com que os antibióticos são distribuídos em excesso: em quase 25% dos casos, eles são inadequadamente prescritos.

Divididos por idade, os resultados mostram que os erros são mais comuns quando os pacientes são adultos (25% dos casos) do que quando são crianças (17%).

Para chegar nessa conclusão, os autores do estudo analisaram mais de 15 milhões de prescrições de antibióticos preenchidos por mais de 19 milhões de pessoas em 2016. Os pesquisadores classificaram cada prescrição como apropriada (no caso de um diagnóstico que sempre justifica o uso de antibióticos, como uma grave infecção bacteriana), potencialmente apropriada (se a doença, em si, pode ser tratada corretamente com antibióticos, mas cujo tratamento pode depender do quadro do paciente) ou inadequada (nos casos em que o tratamento com antibióticos não adianta nada, nem faz sentido, como uma doença viral).

O resultado mostrou que em apenas 12% dos casos os antibióticos eram receitados de maneira correta. Já 23% das prescrições era totalmente inadequada. Ou seja, era muita gente com diagnósticos que só poderiam ser causados por agentes como vírus e fungos, que nada têm a ver com bactérias.

De acordo com o estudo, porém, a maior parte das prescrições estava errada por um motivo mais sutil: os antibióticos acabavam receitados com frequência excessiva para doenças que podem, sim, ser causadas por bactérias – mas que, na maioria dos casos, são apenas obras de vírus, como as infecções infecções do trato respiratório superior.

“Essas descobertas são impressionantes”, diz o Dr. Kao-Ping Chua, professor assistente de pediatria da Michigan Medical School University, que liderou o estudo. “Em nível populacional, uma em cada sete pessoas no estudo recebeu pelo menos uma prescrição de antibiótico inapropriada durante o ano”.


Fonte: Super Interessante

Governo abre caminho para geração de energia com queima de resíduos

Projetos poderão entrar no Programa de Parcerias de Investimentos. Tecnologia produz eletricidade a partir da incineração de detritos

BRASÍLIA – Um decreto da Presidência da República abre caminho para que o Brasil gere energia a partir de uma fonte ambientalmente sustentável e praticamente permanente, mas quase inexplorada no país: o lixo. Com potencial de gerar cerca de 3% da demanda nacional por eletricidade, a tecnologia consiste em queimar o lixo que não serve para reciclagem e gerar energia elétrica e térmica nesse processo.

O Brasil é hoje um dos maiores geradores de resíduos do mundo, e ocupa a quarta posição no ranking mundial — atrás de Índia, Estados Unidos e China — com quase 80 milhões de toneladas descartadas por ano. Agora, o governo quer incentivar o setor privado a investir nesse filão. Cerca de 40% dos resíduos gerados no Brasil são despejados em locais inadequados, como os lixões, que somam três mil em todo o país.

A iniciativa, publicada em decreto no Diário Oficial em novembro, qualifica projetos de geração de energia a partir do lixo a fazerem parte do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. O decreto também criou um comitê para tratar do assunto, composto por Casa Civil, Ministério do Meio Ambiente e Ministério do Desenvolvimento Regional.

O ponto de partida da tecnologia é a parcela do lixo que não serve para reciclagem. O material é queimado em usinas e o calor gerado é convertido em eletricidade e vapor. A energia produzida substitui a dos derivados do petróleo e gera menos gases do efeito estufa, associados ao aquecimento global.

Lá fora, a solução já é amplamente adotada. Hoje, quase 2.500 usinas do tipo operam no mundo. A China é a maior produtora de energia térmica a partir do lixo — incinera 35% dos resíduos que recolhe, em 339 usinas. Na Europa, são 522 em operação. Entre os emergentes, a Índia já opera 20 usinas do tipo.

Por aqui, já se gera energia a partir do biogás liberado naturalmente na decomposição do lixo nos aterros sanitários. Mas não há usinas de incineração em funcionamento.

Segundo a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), criada em maio, a tecnologia tem potencial de atrair R$ 145 bilhões em investimentos na próxima década. Cálculos da associação mostram que, se uma fatia de 35% de todo o lixo descartado no país fosse destinada à geração de energia, o país poderia produzir 1.300 GWh/mês, o equivalente a 3,29% da demanda nacional de eletricidade.

SP terá usina em 2022
Para Yuri Schmitke, presidente da Abren, o Brasil está mais de duas décadas atrasado nessa corrida tecnológica:

— A Europa está acabando com aterros, e começou esse movimento nos anos 2000. O Brasil está engatinhando.

No Brasil, ainda não há usinas do tipo. A primeira, da brasileira Foxx Haztec, começa a ser construída no ano que vem, em Barueri, Região Metropolitana de São Paulo. A operação começa em 2022.

O empreendimento, fruto de uma parceria público-privada (PPP) de R$ 350 milhões entre a prefeitura e a empresa, prevê o tratamento dos resíduos para geração de energia por 30 anos, e funcionará como alternativa ao município, que hoje precisa transportar seu lixo a um aterro a mais de 20 quilômetros da cidade.

A mudança permitirá à prefeitura economizar pelo menos 20% do que investe hoje na destinação e tratamento do lixo fora da cidade. E a energia gerada será injetada na rede da Enel, concessionária local.

— Essa tecnologia é indicada como alternativa para grandes centros urbanos, pois precisa de pequenas áreas para sua instalação. A unidade de recuperação energética de Barueri terá capacidade para tratar 870 toneladas de lixo por dia e gerar 20MW, o suficiente para abastecer 80 mil residências, como a própria Barueri — explica Milton Pilão, presidente da Foxx Haztec.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a geração de energia a partir do lixo ainda é cara frente a outras fontes que abastecem o sistema elétrico. Ainda assim, estudos preliminares da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao MME, apontam que o biometano, gás gerado pelo lixo, poderia substituir o diesel usado por caminhões de coleta de lixo e ônibus municipais, sendo “mais barato e menos poluente”.

Pela legislação, os municípios são os titulares do saneamento e, portanto, responsáveis por coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos gerados nas cidades. Mas menos da metade dos municípios cobra alguma taxa por esse serviço e, desse montante, cerca de 80% não arrecadam nem 50% do que cobram, devido à inadimplência.

Na avaliação do diretor da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Silva, isso representa um entrave ao financiamento de projetos do tipo. Segundo Silva, novos modelos de tarifação do lixo poderiam impulsionar projetos de geração de energia e, em paralelo, desincentivar a manutenção de lixões que, por lei, deveriam ter sido extintos até 2014.

Em nota, a secretaria do PPI afirmou que, diante dos graves impactos ambientais causados pelos lixões — e da restrição orçamentária do governo —, quer atrair a iniciativa privada não apenas para a concessão dos serviços de saneamento (o que inclui a construção e gestão de aterros), mas para a geração de energia associada a esses serviços. “Neste contexto, estuda-se alternativas para incrementar o aproveitamento do potencial não aproveitado dos resíduos para geração de energia elétrica. A lógica é de fortalecer as iniciativas na área de resíduos sólidos urbanos, mas sem onerar o consumidor de energia”.



Fonte: Anace